Antes de chegar ao fim do mundo, passei alguns dias no estado de Santa Cruz, na patagônia argentina. Confesso: foi um erro de programação de viagem que me fez vir aqui antes, e não depois. Então fica a dica: se planeja combinar Ushuaia e El Calafate numa mesma viagem faça nessa ordem. Ushuaia antes, Calafate depois. Isso porque os voos seguem normalmente nessa e a viagem no sentido horário vai ser mais vantajosa. Veja: eu comprei um ticket Buenos Aires / Calafate via Ushuaia, operado pela Lan. Depois comprei um ticket da Lada de Calafate a Ushuaia e de novo um ticket Lan Ushuaia / Buenos Aires, desta vez via Calafate. Se tivesse feito o contrário teria voado apenas no confortável A320 da companhia chilena e economizado por baixo uns 300 reais por pessoa. (Tenho, porém, minha justificativa: quando comprei a passagem a Calafate, este era o único destino que tinha certeza que queria visitar. O segundo destino poderia ser Bariloche ou Ushuaia. Prevaleceu o segundo…).
Quem vai a El Calafate vai por um único motivo: o Glacial Perito Moreno. É isto que movimenta a pequena cidade, de menos de 20 mil habitantes. Tudo gira em torno do gelo. Por aqui, a única produção são geléias e licores de calafate, o fruto silvestre que dá nome a cidade. Nada em escala industrial, nenhuma produção agrícola. Isto se reflete nos preços: espere pagar 20% ou 30% mais em alimentos, hotéis e compras locais. O custo, acredite, vale a pena.
Se localizar pela cidade é simples. O aeroporto é a 23km do centro e um taxi até seu hotel vai custar 120 pesos (algo como 50 reais). Se tiver sorte de pegar o motorista Santiago, ainda ganha uma aula sobre a região. Ex-guia, ele desfila como uma metralhadora verbal informações e dados durante todo o caminho. A avenida principal da cidade é a Libertador San Martin. Ali estão os principais pontos de interesse: bancos, alguns restaurantes, supermercados, lojas. De um lado você tem os montes e do outro o belo Lago Argentino (o maior lago inteiramente nacional, com uma superfície de quase 1500 metros quadrados, diria o Santiago).
São várias as opções de hospedagem na cidade. De simples albergues e hostals a bons e luxuosos hotéis. Eu optei pelo confortável e incrivelmente bem localizado Design Suite. Afastado do centro, com uma vista deslumbrante do lago, o hotel oferece transfers e muito conforto, com piscina aquecida, sauna e academia. O preço foi convidativo: cerca de 180 a diária para duas pessoas.
Mas quem vem a Calafate, como disse, vem por causa do Glacial. E são várias as formas de conhecê-lo. A mais simples é de taxi. Localizado a cerca de 80km da cidade, o Parque Nacional, onde o Glacial está localizado, é facilmente acessado. Um taxista vai te cobrar algo como 400 pesos pela viagem. O acesso ao parque te custa outros 70 pesos, cerca de 30 reais. Com isso você poderá passear pelas passarelas e ver e ouvir, de longe, o incrível bloco de gelo. Sim, ver e ouvir. Mais que a visão daquele gigante glacial a sua frente, o mais surpreendente em Perito Moreno é o som que o glacial faz. De tempos em tempos, estrondos, como tiros de canhão, cortam o ambiente. Em algum lugar, no interior talvez, blocos de gelo se desprendem com frequência, e tudo o que você pode sentir é o som.
Se quiser um encontro mais íntimo com o gelo a operadora Hielo y Aventura oferece passeios sobre o glacial. No MiniTrekking são 45 minutos de caminhada sobre o gelo. Já o BigIce te leva mais longe e por mais de 3 horas sobre o glacial, em mais de 5 horas de caminhada. No total, são quase 12 horas de passeio, contando o transfer até o parque, passeio de barco e a caminhada. Ao custo de 770 pesos (cerca de 300 reais) o BigIce é para que tem ânimo e disposição.
Para El Calafate, 3 noites de hotel bem programado são suficientes. É o bastante para passear pela cidade e fazer seu passeio pelo Glacial, seja a versão mais simples ou a mais radical. Se tiver mais um ou dois dias livres, a sugestão é alugar um carro, pegar a estrada e dirigir os 220 km até a pequena El Chaltén. É o que estou fazendo amanhã. Até lá.
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Informações Básicas:
Como chegar: Lan e Aerolineas Argentinas operam voos a partir de Buenos Aires. É possível combinar com voos de Ushuaia.
Na chegada: O aeroporto fica a 23 km do centro da cidade. Taxis do aeroporto ao centro custam 120 pesos (cerca de 60 reais). É caro: no caminho inverso é possível pagar em torno de 90 pesos (R$40,00).
O que fazer: O Glacial Perito Moreno é a maior atração da cidade. A visita pode ser feita de carro ou em excursões. Fica a 80km da cidade. O Lago Argentino também vale a visita.
Onde comer: La Lechuzza é uma rede de pizzaria e restaurantes presentes em toda a cidade, assim como os restaurantes Casimiro Abreu. Para uma tradicional comida caseira procure o El Cucharón.
Onde hospedar: Vários hotéis e albergues mais em conta estão próximos ao centro. Aqueles em torno do lago são mais caros – e nem todos oferecem tansporte regulares.
Quando ir: A alta temporada vai de junho a abril. Para caminhadas, prefira os meses do verão (novembro a março). Depois da semana santa a cidade fica às moscas.
Patagônia e Terra do Fogo | excursionismo
[…] escrevi aqui o relato da viagem à Patagônia (mais precisamente a El Calafate e El Chaltén) e à Ushuaia, na Terra do Fogo argentina. Pois bem. Finalmente consegui terminar o […]
Gladis
Olá, simples e direto, gostei. Vc aconselha táxi para o passeio até as geleiras, pesquisei alguns sites de agência e fica bem mais caro que o valor que informaste. Grata.