Faltam cem dias… Não! Menos!!

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Entrei na contagem regressiva para a trilha.

Mesmo sabendo que a Appalachian Trail é uma trilha extremamente sociável, queria fugir da “bolha”, o período onde a maioria das aspirantes a thru hikers começam. Ele vai do início de março ao meio de abril. Historicamente os primeiros dias de cada um desses dois meses são os que recebem a maioria dos caminhantes. No ano passado mais de 50 pessoas começaram nesses dias.

Mas mesmo começando em maio, no ritmo que eu normalmente ando, eu inevitavelmente iria encontrar com esse bando em algum lugar nas próximas semanas. Para fugir da multidão por completo eu deveria a) começar antes deles e seguir sempre a frente, ou b) fazer a trilha no sentido SOBO (não sabe o que é SOBO? Lê lá no Dicionário Apalache-Português) ou c) optar pelo Flip Flop. Nenhuma das três opções me agravada: para fazer a primeira deveria começar ainda em fevereiro, com neve e temperaturas muito baixas. E optando por qualquer das outras duas eu não terminaria em Mount Katahdin, o meu objetivo. Afinal, a maioria das pessoas faz do sul pro norte por algum motivo, não?

Ou seja: mais cedo ou mais tarde eu iria cruzar com a bolha.

Comecei ainda no final de dezembro a pesquisar várias opções de passagens para os Estados Unidos. Saindo de Belo Horizonte, ou Rio, ou São Paulo, ou Brasília, ou Recife. Chegando em Atlanta, ou Miami, ou New York, ou Charlotte, ou Orlando. Não me importava: poderia fazer os trechos internos com milhas que tenho acumuladas, mas o importante seria sair do Brasil e chegar aos Estados Unidos gastando pouco. Os preços variavam muito, mas sempre acima dos US$1,000.00 . Até que encontrei uma passagem saindo de BH e chegando a Orlando por cerca de 800 dólares. Comecei a monitorá-la, a pesquisar datas próximas, a chegar outras companhias. Curiosamente o preço vinha caindo: do final de dezembro até agora já está 140 reais mais barata. Continuo um monitoramento diário, mas a tendência é de queda: fica cerca de US$5 mais barata a cada dia. Ainda não emiti, mas vou fazer assim que sentir a tendência mudar de rumo. O problema: essa passagem sai do Brasil dia 10 de abril. Com isso adianto o início da caminhada em duas semanas. Vou encontrar com a bolha antes do que imaginava.

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Assim devo começar a caminhada por volta do dia 15. Também não defini o dia exato. Mas se for mesmo começar no dia 15 faltam 93 dias.

Não defini o dia porque outro gráfico que monitoro é o do registro de caminhantes que pretendem fazer a trilha inteira, os chamados thru hikers. Não é um registro obrigatório, mas dá uma boa noção da tendência de quais dias são mais concorridos. Até o momento os dias 1 e 15 de março são os hits desse nosso verão. O gráfico é atualizado semanalmente. Os números de abril como um todo ainda são baixos, mas por lá também a tendência é que as pessoas se registrem mais próximo da data de início. Ninguém ainda se registrou para o dia 15, e continuando assim é bem provável que peça ao pessoal da Appalachian Trail Conservancy, que teve a iniciativa do registro, que adiante minha data do dia 1 de maio para 15 de abril.

O planejamento final contempla, além da viagem BH-Orlando, também o aluguel de um carro, que dirijo até Atlanta, passando por Jacksonville, FL, onde encontro uma amiga e compro as coisas que estivem faltando; o trem do centro de Atlanta até a estação no norte da cidade, onde pego uma van até as proximidades da trilha. No primeiro passo uma noite no Hiker Hostel (que fica a 120 km da estação de trem) e no dia seguinte pela manhã eles me deixam no Amicalola Falls Park (outros 45 km). Mas ali ainda não é o início da trilha: são mais 13 km na Approach Trail (a trilha de aproximação) até chegar ao marco inicial da Appalachian Trail.

O que vou encontrar por lá é isso:

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O primeiro marco da Appalachian Trail (a foto é do blog Atlanta Trails)

Uma placa marcando o início da trilha e a primeira white blaze. A partir dali serão só mais 3540 km de caminhada até o Mount Katahdin, no Maine, onde planejo chegar no dia 7 de setembro.

O que falta pra fazer nesses próximos 93 dias parece uma enormidade. Ainda tenho equipamentos pra comprar, alguns dos quais só vou ter contato quando chegar nos Estados Unidos. Tem alguns apoios e parcerias que tenho conversado que preciso fechar nas próximas semanas. Tenho alguns livros que gostaria de ler antes de começar a trilha. Tenho que vender algumas coisas coisas para ajudar a pagar as despesas (alguém aí interessado numa Canon T1i? Uma Canon D70?)

Tenho que terminar o treinamento que me propus (falo dele depois). Preciso comprar um bom seguro de viagens. Preciso testar os novos equipamentos que devo receber essa semana (barraca, saco de dormir, isolante térmico) em condições mais adequadas (vou fazer um vídeo sobre esses equipamentos, não se preocupe).

Nesses 93 dias ainda tenho pelo menos dois trabalhos que vão me deixar fora de Belo Horizonte por alguns dias. Aniversário de 15 anos da neta. Viagens pra visitar os irmãos em Divinópolis e Juiz de Fora. Contas para deixar programadas para serem pagas. Preciso faz um check up, ir ao dentista, consultar minha oftalmologista…

Mas tenho a sensação que tudo está andando no tempo certo. A partir de agora é manter o ritmo, o foco e começar a contagem. 93, 92, 91…

 

 

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