Estrada Real S01E11: Sabará a Rio Acima

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Distância do dia: 39,06 km. Distância total: 437,94 km
Talvez hoje tenha sido o melhor dia de caminhada até agora. O que não quer dizer que tenha sido um dia fácil…

Ontem ponderei seriamente em tirar o dia de folga. Tenho planejado um dia de descanso a cada 10 dias. Mas como Alê está planejando de ir encontrar comigo em Santo Antônio do Leite no sábado, achei melhor ir caminhar, mesmo com minha perna esquerda inchada. Faz uns dias que tem incomodado pela manhã, com uma dor pequena na parte de trás do joelho.

Acordei às 5:30 depois de ter dormido pouco (já que estou em casa fui colocar uma das séries em dia…) e quando coloquei o pé no chão o incomodo já estava lá. Fui assim mesmo pegar o ônibus pra Sabará. Quando cheguei lá às sete já não sentia. Ótimo. A ideia era percorrer três trechos da Estrada Real: a primeira parada em Raposos, depois de 13 km; a segunda em Honório Bicalho, mais 15 e finalmente Rio Acima, mais 10. Sabia que o percurso tinha trechos de trilhas, algumas técnicas, mas nada havia me preparado pelo que estava por vir.

O ônibus me deixou exatamente onde a trilha começa. Cruzei o Centro Esportivo de Sabará e segui rumo ao bairro de Arraial Velho, um simpático aglomerado de poucas casas mordernas e uma igreja antiga. O local foi fundado por Borba Gato  mais de 300 anos atrás. Subi a rua de pedras e depois de algum tempo o silêncio só era quebrado pelo bondinho de  minério acima. No percurso é possível ver ruínas de casas de pedras. Em determinado momento a trilha termina em frente à porteira de uma fazenda: é preciso entrar, dar seu jeito pra se esquivar da meia dúzia de vira latas e sair pelo portão do fundo, onde começa a primeira descida em trilha que exige técnica. Pedras com lodo, lama, tudo muito escorregadio e os dois bastões de caminhada foram fundamentais (se estivesse só com um talvez teria problemas).

A trilha termina a confusa e pouco atrativa Raposos. Mas dali é só passar a igreja, depois a ponte e subir, subir, subir. Rumo às antenas de comunicação, quando a placa indicar “rua sem saída”, não dê bola: é aí que a diversão começa. A trilha segue um pequeno curso d’água por  alguns quilômetros. Do outro lado a vista das aberrações do Belvedere e Nova Lima (por mais que não goste daquela torre, nem de todos aqueles espigões verticais que puseram ali, confesso que bateu uma emoção em ver BH ali tão perto. Diria que daria pra ir andando…)

Cinco quilômetros nesse cenário e a coisa começa a ficar divertido de verdade. Descidas fabulosas, por meio das erosões, rios que precisam ser atravessados – acho que foram três, o último com água pouco abaixo do joelho – e subidas que exigem preparo e disposição. Diversão pura! E BH ali do lado… E quando você acha que acabou, a menos de um quilômetro da cidade, da-lhe outra descida absurda.

Da pracinha de Honório Bicalho é só seguir a linha do trem para os últimos 10 km até Rio Acima. Trilha fácil, tranquila, com surpresas como uma antiga ponte de pedra, é o desfecho perfeito para um dia difícil, mas extremamente agradável.

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