Minha amiga Fernanda me disse dia desses que eu deveria criar uma ferramenta interativa, que mostrava, em tempo real, onde eu estava. Uma espécie de “Onde está Jeff”, onde eu iria colocando pins dos locais onde passo. O fato é que sim, viajo bastante. Menos que gostaria, é fato. Mas entre viagens a trabalho (que me levaram à China, Grécia, Turquia) e passeios, passo alguns meses do ano fora de casa.
O momento agora é de preparação para mais uma. É das fases que mais gosto. Pesquisar o país, a cultura, os roteiros, onde ir, quando ir, como chegar, onde comer, o que fazer, quanto tempo em cada lugar, o que vale a pena, o que deixar de fora, como fazer pra encaixar tudo aquilo naqueles poucos dias. Tem gente que odeia e prefere comprar logo um pacote, guia turístico, alimentação inclusa. Só seguir a bandeirinha e pronto, não quero ter preocupações na minha viagem. Eu não. Gosto de cuidar de cada passeio e chegar no destino o mais informado possível. E não gosto de gastar em viagens: o quanto menos desembolsar, melhor.
Estou aqui na função de pesquisar e montar um roteiro pro Japão. Comprei a passagem numa daquelas promoções que chegam na tela do meu celular através do app da Melhores Destinos. Pelo preço de uma passagem pra Recife estou indo pra Tokyo com Alê em novembro. Comemoro meu aniversário por lá. Peguei algumas dicas com amigos que já foram ou moraram naquele lado do mundo (obrigado Paulinho, Danilo, Diego). E começo agora a montar o dia a dia. Escrever me ajuda a clarear as ideias e a tomar as decisões que, acredito, são certeiras. Conversar com Alê também ajuda nisso (e em várias outras coisas).
As informações que tenho e vão ajudar a montar o roteiro são:
- Fico no Japão por 14 dias – de 8 a 21 de novembro (saio 6 e chego 22)
- Tenho ciência que o jetleg vai ser um problema por pelo menos uma semana
- Quero incluir cidades menores no roteiro além de Tokyo
- Quero me hospedar pelo menos uma noite em um ryokan, uma hospedaria tradicional japonesa
Só isso. O resto está livre e a construção do roteiro vai ser em cima do que, a partir de agora (ontem, na verdade) eu for montando.
Primeira dúvida: hospedagem em Tokyo
Que Tokyo é gigante eu sei. A primeira dúvida que surge é onde se hospedar na cidade. Conversas e pesquisas mostram que a maioria das atrações da cidade fica no entorno de três área: Shibuya, Shinjuku e Ginza. Uma pesquisa rápida nos sites de hospedagem (Booking, Hotels, Trivago) mostra que uma cama em qualquer um deles não custa menos que 250 reais por noite. Em um albergue ou hotel cápsula. Hotel tradicional, daqueles com uma cama de verdade e um banheiro, são quase o dobro. Muito acima do que eu espero gastar. Se estivesse sozinho não via problemas: fiquei em um cápsula na Tailândia, paguei 20 reais por noite e foi uma experiência ótima. Mas sei que Alê espera (e merece) um pouco mais.
Uma pesquisa no Airbnb mostra que mesmo ali não se acha nada por menos de 300 reais. Mas aí acho que já passa a valer: boa localização, um apertamento (30m2) só pra você, mais liberdade e (luxo dos luxos) banheiro privativo! Pré-selecionei uns três e optei pelo ap da Tokko, que fica a 5 minutos da estação de Shibuya. Não era o mais barato – havia outros mais em conta, mas um pouco mais longe. Mas ficar ao lado de uma estação de metro era fundamental: iria salvar alguns minutos no deslocamento diário, seria mais fácil na chegada e saída, esse tipo de coisa que em viagem sempre conta. Com o bônus de 85 reais que ganhei de outra amiga (valeu Renata!) as seis noites previstas pra Tokyo ficaram em 1950 reais. R$325 por noite, R$162,50 por pessoa. Só por comparação, é só um pouco mais caro que a própria Renata cobra pelo mesmo período no apartamento dela aqui em BH (ok, ok, não estou considerando que o da Renata é 6 vezes maior que o da Tokko, mas c´mon! É Tokyo!)
O que fazer: a primeira seleção
Já sei onde e quantos dias vou ficar em Tokyo. A escolha do período foi aleatória: metade do tempo em Tokyo, a outra metade em outros destinos que ainda vou decidir. Agora o próximo passo é selecionar o que fazer nesses dias.
A primeira conversa com Danilo e Paulinho, um post despretensioso no Facebook (valeu Rafael!), a passada de olho em alguns sites e no guia da cidade da Lonely Planet já foi dando umas direções. Eu faço assim: saio selecionando tudo o que talvez possa me interessar e crio um mapa no Google Maps, onde vou marcando todos os locais (esse de Tokyo está aqui. Tenho salvo os de vários outros destinos anteriores…). Depois, com mais calma, leio mais sobre os locais e vou selecionando por interesse (museu, parque, arquitetura, restaurante etc) e distância. Assim agrupo coisas que são próximas para visitar no mesmo dia.
Da primeira seleção saíram alguns lugares, tanto em Tokyo quanto no interior. Na capital tem alguns parques (Ueno, Jardins do Palácio Imperial), templos (Senjo-Ji, Meiji-Jingu), distritos (Shimokitazawa, Ginza, Odaiba), museus (3331 Arts Chiyoda, Museu da Propaganda, Museu Ghibli) e até um café super charmoso (o Little Nap Coffee Stand, bem perto de onde vou ficar).
Fora de Tokyo as atrações foram tantas que vou ter que fazer escolhas mais sérias. Rafael e Diego soltaram um monte de nomes de cidades que fui pesquisando muito rapidamente e agora é escolher os destinos. Nikko foi sugerida pelos dois, então certamente vai entrar. Hakone e Kamakura são perto de Tokyo e devem entrar no roteiro também. Kyoto era um destino que eu queria, e caso inclua no roteiro adiciono também Nara. Kanazawa, Kamikochi, Takayama, Shirakawa-go e Goyakama são outras possibilidades, que só depois de pesquisar mais decido se vai valer a pena incluir nos 7 dias que faltam. Destinos mais distantes, como Hokkaido, vão ficar pra uma próxima vez (mas é claro que vai ter uma próxima vez…)
Japan Pass: vale a pena?
Todo mundo diz que é imprescindível comprar um Japan Pass, o passe de trem para as viagens internas dentro do país. Só que nas minhas pesquisas iniciais a coisa não parece bem assim não. Ainda estou em dúvida se compro ou não o passe.
O fato é que ele é caro pra burro: por 7 dias consecutivos de viagens o preço é 276 dólares. 440 dólares se quiser ter o passe para os 14 dias da minha viagem. Mais IOF. Esse preço, claro, por pessoa. Ou seja: vale a pena se eu e Alê formos gastar em passagens pelo menos uns R$120 por dia cada. É um bom dinheiro. Primeiro porque eu não vou ficar viajando os sete dias. Talvez fique um dia a mais em Kyoto, se decidir ir pra lá, por exemplo. E segundo porque você pode viagem só nos trens da estatal JR, que não atende o país inteiro e não é dona de todos os trens – 30% são de empresas privadas. Fiquei considerando se não havia alternativas mais baratas.
Quando você considerar que a passagem de trem de Tokyo a Kyoto custa 140 dólares o passe parece ser mesmo a melhor alternativa. Mas aí você começa e pesquisar e vê que não é bem assim.
Por exemplo: as cidades próximas que eu já sei que vou fazer – Nikko, Hakone e Kamakura – tem os preços de passagem bem em conta: 28, 40 e 22 dólares cada trecho. Ida e volta são 180 dólares por pessoa. Mesmo pra viagem a Kyoto ou outros destinos mais distantes existem alternativas mais baratas. A empresa de ônibus Willer tem um passe de três dias, que podem ser usados de forma não consecutiva (por exemplo, uma viagem na segunda, outra na quarta e outra duas semanas depois, já que vale por dois meses) que custa 100 dólares. Os trechos incluem Tokyo, Kyoto, Kanazawa e até trechos mais distantes como Hiroshima. Mesmo as passagens individuais são beeeem mais em conta: ao contrário dos 140 dólares do trem de Tokyo a Kyoto a passagem de ônibus da Willer sai por 35 obamas. Além disso, pode me dar mais autonomia que o trecho de trem.
Outro argumento daqueles que defendem o JR Pass é o fato de você poder pegar o trem do aeroporto de Narita pra Tokyo. Custa 3500 yen, 35 dólares, 100 reais. Mas veja: é possível comprar ida e volta por 4000 yen. E se eu comprar o passe de uma semana, por exemplo, ainda vou ter que comprar um dos dois trechos. Bye bye vantagem. E pra usar o metrô a compra de um passe de 72 horas, ao custo de 1500 yen, tem parecido a melhor escolha. Ou isso ou o Suica, o cartão que você vai recarregando à medida que usa.
A decisão vai ser só nos próximos dias, mas a princípio estou achando que o JR Pass é uma bela de uma furada. É bem provável que faça alguns trechos de trem e outros mais longos de ônibus.
Tem alguma dica do Japão? Deixe um comentário aqui embaixo e vamos trocando figurinhas sobre essa viagem.
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