Dia 97, 20/07: Mark Noepel Shelter (1582.6) a Congdon Shelter (1606.3)

Distância do dia: 23.7 milhas | 37,98 km
Distância total: 1606.3 + 8.8 milhas | 2599,25 km
Distância que falta: 583.5 milhas | 939,05 km

O dia seria longo mas eu não esperava nenhuma grande surpresa. Eu não poderia estar mais enganado…

Primeiro porque logo no início da manhã a trilha chegava ao ponto mais alto de Massachusetts. Um monumento, uma vista deslumbrante – dizem que dá pra ver Maine dali – e a trilha, claro, acompanha isso tudo. Gastei um tempo ali, fazendo fotos e vi quando Wash Bear chegou e foi pro lodge que tem ali ao lado tomar o segundo café da manhã.

Segundo porque no final do dia acabei cruzando a fronteira com Vermont e deixei o décimo primeiro estado pra trás. Agora só faltam três. Já era tarde, mais de seis, quando eu, Jukebox e Onion chegamos ali. A sensação é ótima. Está chegando ao fim.

E por fim eu nunca, mas nunca, poderia imaginar de encontrar um museu como o MASS MoCA por aqui… North Adams é uma cidadezinha que a trilha corta literalmente ao meio. Você desce da montanha, anda 500 metros por uma rua, cruza a avenida principal e segue do outro lado. Tinha pensado em comprar ali a cerveja do dia, mas quando cheguei na rua havia um anúncio da Papa Johns, um rede de pizzarias. “Hikers: 50% de desconto!” Opa. Já era quase meio dia e uma pizza de almoço cairia super bem. Mandei uma mensagem pro WB: “Papa Johns com 50% de desconto. Anima?”.

Fiquei ali esperando a resposta dele quando li o anúncio ao lado. “Hikers! Bicicletas emprestadas para que vocês conheçam a nossa cidade. Venha tomar um café no centro e conhecer o MASS MoCA, um dos maiores museus de arte contemporânea do mundo. Assinado: o prefeito”. Como assim? Googlei o nome do museu e tive um choque. “Wash Bear, mudança de planos. Tem esse museu e eu preciso ir lá. Nos vemos mais tarde no shelter”.

As bicicletas ficavam destrancas em frente a um depósito de ferramentas. O aviso na parede tinha um mapa da cidade e a instrução pra deixar a mochila atrás do depósito (“a vizinhança é segura, mas o risco é seu”). Peguei câmera, dinheiro e celular, deixei a mochila com o resto das coisas lá e pedalei 6 km até o museu.

O troço é gigante. Antigas fábricas de materiais elétricos, num total de dez prédios, abrigam exposições temporárias e permanentes. Na área externa o museu faz shows – incluindo um festival com curadoria do Wilco. Dentro dos grandes galpões obras, instalações, pinturas e vídeos. Laurie Anderson estava com uma exposição lá.

Passei umas duas horas no lugar e não consegui ver tudo. Mas sair da trilha e entrar em uma obra de realidade virtual, voando por sobre uma Nova York de palavras e sons, foi talvez a sensação mais estranha até agora durante essa caminhada. O museu é daqueles lugares pra botar na lista e voltar.

Comi uma pizza inteira de 8 pedaços antes de voltar pra trilha. Foi ali que encontrei o Jukebox. Caminhamos juntos até depois de cruzar a fronteira: pensei seriamente em parar no shelter e ele me incentivou a continuar. Mas não o vi depois que cheguei, já noite, no shelter. “Speedy, é você?” Wash Bear tinha montado a rede dele pouco antes da chegada. Tomamos ali, no escuro, as duas cervejas que eu estava carregando.


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