Appalachian Trail S01E22

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Dia 22,06/05: Erwin (342.7) a Beauty Spot Gap (355.0) Distância oficial: 12.3 milhas. Minha marcação: 25,2 km, 43.009 passos, 214 andares. Distância Total Oficial: 585,48 km

Umas das fontes de pesquisa para a Appalachian Trail foram alguns grupos de discussões no Facebook. No início do ano apareceu essa menina fazendo uma pergunta sobre equipamentos. Ela era brasileira. Amanda. Iria também fazer a trilha esse ano. Entrei em contato e trocamos algumas figurinhas pela net. Ela começou bem antes de mim, no final de março, e eu a vinha acompanhando pelo Spot, além de ler seus relatos no seu blog, o Duas Mil Milhas. Pelas minhas contas iria encontrá-la no final de junho. De uns dias pra cá o Spot dela parou de dar sinal. Pelo tempo – já tem mais de 40 dias que ela está na trilha – achei que pudesse ser a bateria. Hoje, logo que saí do hotel onde fiquei em Erwin – já já falo disso – dei mais uma conferida e lá estava: um checkin dela a menos de 10 minutos. E ainda em Erwin…

No blog ela conta o drama, mas Amanda primeiro teve um problema no joelho e depois uma canelite, o que a fez parar por uma semana em Erwin. Eu indo caminhar, ela indo pra cidade, nosso encontro durou dois minutos. O tempo de um “finalmente!”, um beijo, uma selfie e tchau. Foi ótimo tê-la encontrado e devemos nos ver novamente no final do mês em Damascus, VA, onde acontece o Trail Days Festival.

Pela data que ela saiu e pelas milhas que ela vinha fazendo desde que comecei a acompanhá-la eu sabia que o dia que eu a encontrasse eu teria um problema: seria o dia que eu iria entrar na “bolha”. Dito e feito.

Nesse exato momento estou acampado em uma área onde caberiam 5 barracas mas tem pelo menos o dobro. Tive que montar a minha num lugar não muito apropriado, com tufos de grama me incomodando por baixo do isolante. A barraca precisou ficar com a lateral contra o vento, o que traz as paredes quase em cima de mim acaba rajada. E estou bem debaixo de uma árvore…. As pessoas nas barracas do lado não param de conversar, cada um de dentro de sua barraca: jogos de adivinhação intercalados com cantadas dos cinco ou seis caras pra cima das duas meninas que consegui identificar até agora. Pra completar o termômetro do celular tá marcando 2 graus, com 80% de chances de neve na madrugada. E tudo isso depois da noite no hotel…

Nas últimas três semanas minha casa tem sido minha barraca de dois metros quadrados. Nos poucos dias que não dormi nela dormi numa beliche num quarto com outra dúzia de pessoas. Mas a noite passada precisei ficar num hotel. E quando entrei no quarto me assustei. Tinha desacostumado com o fenômeno “super size” aqui dos EUA. O quarto era quase do tamanho da Obra. Só a cama tinha uns 2×2 metros.

Aproveitei pra dar uma geral na mochila. Tirei e reorganizei tudo. Lavei a barraca e deixei secando no quarto – e ainda sobrava espaço pra eu circular facilmente. Lavei todas as minhas roupas, me joguei nas vending machines, conversei via FaceTime com Ale e Lis, que estava mais preocupada em pular da janela no sofá, dar uma cambalhota, pular do sofá no chão e finalizar sua apresentação de ginástica disrrítmica. Pela manhã foi a vez de me jogar no café da manhã e gravar o podcast do Extremos, que já tá no ar.

O hotel – um desses Super 8, de beira de estrada – ficava perto da cidade, longe da trilha. E no final da manhã passei primeiro no supermercado pra comprar comida pros próximos 4 dias e depois dei uma passada no centro, onde acontecia um festival de atividades outdoor. Voltei pra trilha andando – mais uns 5 km não computados. E nessa só tive os dois minutos pro “finalmente!”, beijo, selfie, tchau Amanda. Nos vemos em breve. Boa trilha.

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