Pacific Crest Trail S01E72

Dia 72 | Oregon Challenge Day 4

50 km hoje | 2302 km total

Stuart Falls Junction

Foi o tempo de eu desmontar a barraca, guarda-la na mochila e dar no pé. A mochila, com tudo, exceto meu tênis e bastões de caminhada, estavam dentro da barraca. Comida inclusive: nada de dependurar como fazia na Appalachian Trail. Os pernilongos não davam trégua. Tirei a mochila já fechada e com tudo dentro, desmontei a barraca, coloquei de lado e fugi dali.

Queria andar bastante e chegar o mais próximo possível do próximo resort. Duas caixas me esperavam lá: o novo carregador de celular (aê terceira temporada de Stranger Things! Finalmente vou te assistir!) e meu isolante térmico inflável que a Therm-o-rest finalmente tinha me mandado depois da confusão de tê-lo enviado pra Kennedy Meadows. Eu precisava dele (não só pra assistir Stranger Things mais confortavelmente, mas pra dormir mesmo. Estou dormindo muito mal nesse Z-Lite).

Ainda pela manhã passo por um sujeito que a melhor forma de descrever é como fiscal de trilha. Calça jeans, bota, camisa manga longa, rede contra mosquitos sobre o rosto e um crachá, ele vinha andando calmamente no sentido contrário ao meu. Dei bom dia, ele respondeu e comentou: “você ainda vai encontrar uns troncos caídos na trilha aí pela frente. Mas não de preocupe: já pedi pra uma equipe vir corta-los”, ele comentou. Ok, faz parte da diversão, eu respondi, querendo mesmo dizer “e esses pernilongos, vocês vão dar jeito?”. Deve ser ele o cara que manda varrer e catar as pedras nos primeiros cem quilômetros quando você entra no Oregon…

Realmente tinham alguns troncos, mas nada demais. A situação no norte da Califórnia era bem pior. E pelo menos nessa parte ainda tinham troncos, porque alguns quilômetros depois já não tinha mais nada…

Era uma parte que na minha cabeça eu chamava de “A imagem do Brasil no exterior”. Queimado. Muito queimado. Resultado dos incêndios do ano passado, que devastaram boa parte das florestas do Oregon. Já não tinha cheiro de fumaça, mas a imagem era ao mesmo tempo arrasadora e esperançosa: era triste ver tudo carvão e feliz de ver em alguns pontos a floresta se reerguendo.

Foi ali que encontrei de novo o Bright Side. Eu o tinha visto quando tomava café da manhã no Fish Lake e ele comentou que nesse trecho a gente teria 40 quilômetros sem água. “Não da pra acampar aqui. Vou andar até onde não tiver mais queimadas”, ele disse.

Bright Side parou num elevado, sem árvores por perto, logo depois desse trecho. Eu continuei e acabei acampando já quase nove da noite ao lado de uma placa de sinalização. O app não mostrava nenhum local até chegar no resort e ali parecia plano suficiente pra mim. Montei minha barraca e apaguei.

Horas depois, meio dormindo, achei que ouvi passos e vi luzes de uma lanterna. Era o Bright Side. Ele não ficou no lugar onde tinha parado…

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