A trilha da trilha: Dead Kennedy’s – California Uber Alles
No 56° dia de caminhada, saí do camping perto do Baum Lake e andei só os 7 quilômetros suficientes pra chegar na estrada que leva a Burney. Cheguei lá cedo e a primeira pessoa que passou, uma assistente social já com quase 60 anos dirigindo um lindo Mini Cooper azul, parou pra me dar carona. “Entra, estou indo pro trabalho, te deixo na cidade. Pode ser no McDonalds? Não sei onde é a igreja. Você fuma? Experimenta essa…”, ela disse, pegando na bolsa um baseado já enrolado e embalado a vácuo em um tubo de ensaio que tinha mais informações que um vidro de maionese: 21.86% THC, 0% CBD, fabricado em 20-5-2019 pela família Emerald no condado de Humboldt, número do lote, aviso do governo que a embalagem contém cabanis; código de barra, tudo arrumadinho…
Burney, com diversas outras cidadezinhas que a trilha passa, também não tem mais que uma rua. Além do McDonalds tem um Subway, uma ou outra lanchonete, dois supermercados baratos, um posto de gasolina e a Igreja, uma Assembleia de Deus, onde passei duas noites. Os caminhantes- 15 por noite no máximo – podem dormir na quadra onde eles fazem atividades com crianças. Além disso temos acesso aos vestuários, chuveiros e à cozinha.
No meu segundo dia por lá Blueberry chegou com a turma que tinha encontrado em Chester. “A cidade não tem muita opção de restaurantes. Estou pensando em cozinhar hoje, o que acham?”. Ela e mais dois toparam e fiz um frango recheado com queijo e ervas, tomates e salada verde. Dez dólares cada, mais barato que a lanchonete.
O dia de folga – na verdade eu esperava uma das caixas da Joe Chocolate que atrasou um dia pra chegar. Mas chegou, como sempre, cheia de delícias… – serviu também pra colocar algumas coisas em dia. Gravei dois podcasts com o @extremos, que já estão no ar. O primeiro contando do final do deserto (parece há tanto tempo…) e o segundo sobre Sierra Nevada e o acidente. Já estão no ar, procure lá.
A caixa chegou por volta das 13h de hoje. Empacotei as coisas na mochila limpa – eu tinha ido a uma lavanderia e colocado todas as minhas roupas, bolsas, sacos estanque, mochila e pochete pra lavar – e fui pra estrada pegar carona pra voltar pra trilha. Quinze minutos e passa outra senhora. “Está indo pra trilha? Eu te deixo lá. Está com pressa? Quero te mostrar uma coisa”, e faz um desvio pra me mostrar um jardim de esculturas de lixo nos arredores da cidade. Não é bonito, nem bem feito, mas adorei o fato dela se orgulhar daquelas figuras de boneco de neve e disco voador feito de latas e peças de carros.
Foram apenas 11 quilômetros de caminhada e estou sentido a bacia, da mesma forma que senti quando cheguei na cidade. Achei que o descanso fosse dar um jeito, mas não. Vou tentar pegar leve nos próximos dias, mas estou preocupado com meu tempo pra finalizar.
A dúvida pra amanhã é se passo ou não na Burney Falls, a cachoeira orgulho da cidade e que fica na beira da trilha. O desvio é rápido, mas sempre acho perda de tempo essas atrações fora da trilha. O dia vai ser quente e seco. Se o incômodo na bacia deixar quero ver se chego até Moosehead Creek, a 46 quilômetros daqui.
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