Dia 59, 12/06: Smith Roach Gap (902.8) a Rock Spring Hut (927.9)
Distância do dia: 25.1 milhas | 40,39 km
Distância total: milhas | 1507,47 km
Fico pensando o que leva as pessoas a se disporem a andar 3.500 km. Deixar tudo – família, amigos, trabalho – e encarar uma jornada dessas. Quando cruzo com outro Hiker fico fantasiando na minha cabeça esses motivos.
A busca de aventura, a mudança de vida, a procura por algo diferente. Essas parecem ser as principais razões. Pelo menos da turma que falei. Tem uma moçada que terminou os estudos e queria fazer algo diferente, a aventura de uma vida, antes de entrar no mercado de trabalho. Tem gente que largou o trabalho e resolveu fazer a trilha como inspiração, pra tentar se redescobrir. Tem gente que pensa na trilha há anos, mas nunca teve tempo ou dinheiro, e agora que se aposentou chegou a hora.
Idade, pode se ver, é uma super influência nessa decisão. A moçada tem ali seus 20 e poucos anos e quer mais é festa. Andam pouco, mas em grupo, e se divertem pacas. A turma um pouco mais velha é mais determinada. Estão na fase onde andam acima de 20 milhas por dia e muitos andam sozinhos ou com apenas mais um companheiro. E o que falta de condição física para os idosos, a turma ali acima dos 60, sobra em determinação. Andam pouco por dia, começaram há muito tempo, mas estão seguindo.
É interessante ver esses grupos na trilha. São facilmente identificáveis. E é ótimo descobrir as histórias de cada um. Como a do 77, que tem esse nome porque fez a PCT nesse ano e desde então sonha em fazer a AT. Ou o Rick Bobo, que trocou o stress do emprego de controlador de tráfego aéreo por um emprego mais simples, mas que o permite fazer longas trilhas. Ou o Little Cards, que começou a trilha ainda em fevereiro mas já perdeu 30 quilos desde que começou. Anda pouco a cada dia, mas continua.
Histórias de gente que faz a trilha pra superar algum trauma, como a história que o Max Factor contou ontem, devem ser mais comuns do que a gente pensa. A trilha tem esse poder: te fazer pensar só nela. Não importa se por 2 ou por 12 horas por dia.
“Se você tiver algum problema na trilha, não importa onde esteja, me liga”. Foi assim que o Max Factor se despediu de mim hoje. O dia não teve surpresas: sobe, desde, estrada, sobe, desde, estrada. Uma mãe urso com filhotes, um bando de perus selvagens ou vários veados passeando tranquilamente pela floresta desviavam a atenção de tempos em tempos. No mais foi o mesmo sobe, desce, estrada dos outros dias. Quarenta quilômetros a mais (ou a menos, depende do seu ponto de vista) e a metade da trilha esta cada vez mais perto.
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