Dia 55, 08/06: Harpers Creek (834.9) a Humpback Mountain (849.8)
Distância do dia: 14.9 milhas | 23,97 km
Distância total: 858.6 milhas | 1381,78 km
Eu tinha três possibilidades pro dia de hoje. A primeira era andar pouco, cerca de 10 milhas, depois andar mais umas cinco milhas fora da trilha pra ir pra uma cervejaria artesanal que tem aqui perto, a Devils Backbone. Já experimentei algumas, a cerveja é boa, eles deixam acampar no quintal e o lugar é também um restaurante. Além disso dão carona pra trilha no dia seguinte pela manhã. Tentador.
A segunda era andar um pouco mais, umas 17 milhas, acampar e seguir no dia seguinte para Waynesboro, onde no sábado tem um almoço pros hikers num pub local.
A terceira era encarar um dia longo, andar 26 milhas e chegar em Waynesboro ainda na quinta, zerar na sexta, pegar o almoço grátis no sábado e voltar a andar na parte da tarde, já entrando no Shenandoah Park. Saí do acampamento pensando em fazer isso.
De cara eu tinha uma subida de 6 km, que no guia parecia fácil. Foi casca grossa. Gastei 45 minutos a mais do que tinha previsto. No resto da manhã o guia mostrava um trecho praticamente plano. Nada. Um sobe e desce tremendo, pedra, difícil de andar.
Eu tinha planejado minha comida exatamente pra chegar em Waynesboro na sexta. Minha mochila tava leve, já que eu tinha um dia de jantar, além de umas três barras de cereal e duas de chocolate. Antes da hora do almoço já tinha devorado os dois chocolates e dois cereais, além da banana que o Yogi havia me dado. Lá pela uma da tarde, não aguentei. Parei no topo de uma montanha e fiz de almoço o que era o jantar.
No meio da tarde comecei a sentir os cem quilômetros feitos nos três últimos dias. Cada perna pesava uma tonelada. Acabou minha energia. Se ontem não tinha usado os bastões pra nada, hoje era praticamente eles que me levavam.
Eu sabia que não ia conseguir fazer as 26 milhas. E eu não tinha mais comida pra acampar mais uma noite. Aí apareceu a quarta opção: passando por um ponto turístico, uma pedra chamada Humpback Mountain, vi que tinha uma trilha paralela que descia até o estacionamento. Não tive dúvidas: desci e fiquei na entrada pedindo carona. Na descida as pessoas que vinha subindo me avisaram: olha, tem um urso logo ali embaixo… O bicho, esse já adulto, tava lá, a 10 metros da trilha, nem aí pra quem descia.
O segundo carro que saiu do estacionamento parou pra me dar carona. Duas irmãs, curiosas com a trilha, me deixaram onde eu iria ficar: a casa paroquial da Igreja Luterana. Local super organizado, banho agradável, fotinha na chegada pro registro deles, roupa pra você usar enquanto lava a sua e, melhor não poderia ser, jantar grátis pros hikers nas quintas-feiras. O preço? Você doa quanto achar que vale.
Amanhã pego uma carona de volta pra onde parei (o hostel também fornece a uma lista de pessoas que dão carona de graça pros hikers) e termino as 12 milhas que faltam. Passo a noite de amanhã aqui também e, claro, pego o almoço de graça no sábado.
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