Dia 11, 25/04: Nantahala Outdoor Center (137.3) a Cody Gap (155.7). Distância oficial: 18.4 milhas. Minha marcação: 31,8 km, 53.663 passos, 385 andares. Distância Total Oficial: 264,74 km
A grande preocupação de todo mundo que encontrei no NOC ontem era a subida de hoje. O mapa assustava: mais de 2000 pés de elevação. Acordei e saí preparado pra ficar já no primeiro shelter…
A subida foi braba, mas não tanto quanto eu tava imaginando. Cheguei ao Sassafras shelter inteiro e continuei andando. O que matou não foi essa subida, mas a soma dela e das outras que vierem na sequência. Essa é a história da AT: o que pega é o todo, não um trecho em particular.
Esse lado da Carolina do Norte não sofreu com as queimadas do ano passado, então a natureza tá deslumbrante. Árvores enormes, flores de vários tipos, quedas d’água, bicas. Trechos de pedras com lodo, outros de terra. Foi gostoso andar.
A primeira parte da manhã, como sempre, tudo fechado. Neblina, a sensação era que caminhava dentro da nuvem. O tempo só foi abrir no final do dia, o que ainda garantiu um vista do vale.
Em um dos cruzamentos com a estrada – a trilha fica o tempo todo próxima a estradas, sejam elas de terra ou asfaltada. A gente nunca tá longe da civilização – alguém deixou meu primeiro Trail Magic. Em cima de um mesa de piquenique alguém deixou várias maçãs. E uma banana. Fui nela de cara. Antes de acabar de descascar a banana quebra e cai no chão. Sem cerimônia pego, tiro a areia que cobria a banana que nem empanado e como a fruta. Mas eu não iria deixar passar aquela banana era de jeito nenhum! Depois ainda comi mais duas maçãs – pode ser a fome, mas achei as melhores que já comi na vida.
Vinha caminhando meio que perto do Greg, que tinha conhecido no jantar ontem. Além dele estavam na mesa o Jacob e o Matt e a Gretchen, um casal de Maine que parecia que já conhecia todo mundo. Foram eles que chegaram quando eu terminava a segunda maçã. Saímos juntos, mas essa moçada – todos ali na faixa dos 20 e poucos – caminha bem mais rápido que eu. Principalmente nas subidas.
Passei batido também pelo próximo shelter, onde eles provavelmente estariam. E acabei andando 18 milhas. Como o próximo shelter ainda está a 2 milhas daqui, parei na primeira lareira que não tinha ninguém e montei minha barraca. Minutos depois chega o Frank, professor de inglês na Coreia do Sul. E já tem umas duas horas que não passa ninguém na trilha, em nenhum dos lados. Então essa noite vai ser isso. Pelo menos o tempo abriu e apesar de frio ainda tem sol lá fora, às 7:30 da noite.
Marcelo Rocha
Tô daqui acompanhando e parece que estou assistindo Na Natureza Selvagem.
Tô curtindo.
Força aí