Dia 66, 19/06: Appalachian Trail Conservancy, Harpers Ferry, WA (1023.1) a Dahlgren Backpack Campground (1040.9)
Distância do dia: 17.8 milhas | 28,64 km
Distância total: 1049.7 milhas | 1689,32 km
Acordei cedo pra ser o primeiro a preparar o café da manhã no hostel, às 7:30. É incluso na diária, mas você que faz e lava seus utensílios. Duas xícaras de café, dois ovos fritos apimentados, quatro fatias de bacon, seis panquecas com syrup e geléia. Eu tava sem fome…
8:30 eu já estava de saída. Deixei a mochila na porta – o hostel fica fechado entre 10 da manhã e 5 da tarde – e segui carregando só a caixa com as coisas que iria mandar pelo correio pela trilha que corta caminho pelo mato e pela linha do trem pra chegar em Harpers Ferry às 9, pegar a outra caixa com o tênis que iria devolver e tinha deixado na Appalachian Trail Conservancy e ir no correio. Na minha cabeça às 10 eu já teria voltado, pegado a mochila e seguido caminho. Tudo o que queria era chegar ainda hoje na metade oficial da trilha. Claro que não foi assim.
Quando cheguei na ATC e peguei meu telefone ele estava reiniciando. E quando voltou, voltou como novo. Nenhum dos apps instalados. Lá vai eu instalar tudo de novo. Pra piorar, eu não sei nenhuma das minhas senhas: é tudo salvo no 1password. A senha dele é a única que lembro. Mas pra instalar ele preciso confirmar em outro dispositivo… Alê viajando, por sorte a Tati e o Henrique estavam lá em casa pra abrir meu computador…
Só saí do hostel meio dia. Fazia quase 40 graus. Quente, eu suando bicas e aquela pinta que iria chover. Antes de chegar no primeiro abrigo desaba o mundo. Chuva de proporções bíblicas. Raios, trovões, tudo que tem direito. Cheguei ensopado no abrigo, que já tava lotado. Achei um canto, troquei a roupa, fiz uma comida quente – a gororoba da vez, pra café da manhã, é uma mistura de oatmeal, grits e chocolate – e esperei a chuva passar. Se não passasse dormiria ali mesmo, mas lá pelas 4 o tempo abriu e segui.
Maryland é cheio de sítios históricos, locais de batalhas da Guerra Civil. Quando cheguei em um desses pontos encontrei com uma turma que estava no abrigo. “Pensei que você fosse ficar”, alguém perguntou. “Pois é, até pensei. Mas resolvi seguir. Queria chegar ainda hoje na metade da trilha”, respondi. Todo mundo olhou pra mim. “Você tá louco? Ainda faltam 60 milhas pra metade. Estamos na 1033. A metade é na 1095…”
Claro que é. Eu estava fazendo a conta errada o tempo todo. Olhava no guia e por algum motivo achava que o meio era em 1045… Ontem até fiquei feliz pensando que poderia até terminar antes do previsto. Mas não: se eu terminar vai ser na pinta.
Aliás, ontem no albergue estava folheando um livro de uma mulher que fez a trilha em 2006 e faltando pouco mais de cem milhas pra completar ela machuca. Imagina…
Passei mais dois abrigos até ficar em um camping. Gratuito, com uma mesa de piquenique ao lado de cada área pra barraca, água e luxo dos luxos, chuveiro. Quente. Tudo que queria.
Antes de dormir, mais uma gororoba – purê de batata com jerky beef. Amanhã tem mais sítios e monumentos históricos e Caminhadas. Sem chuva. E sem chegar metade do caminho.
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