A trilha da trilha: The 88s – Pacific Crest
Ao mesmo tempo que parece que foi ontem que eu comecei a trilha também parece que já faz uma eternidade. Muita coisa aconteceu nesses dois meses: calor, neve, frio, novos amigos que fiz, amigos que deixei, 1750 quilômetros caminhados, 2,5 milhões de passos.
Meu estado emocional e psicológico já mudou bastante nesse tempo, mas o estado geográfico continua o mesmo: ainda tenho pelo menos uma semana pra deixar a Califórnia.
Os dias tem sido quentes e longos. E demorados: parece que não passam. Hoje já queria parar às 11 da manhã. Me sentia cansado. Me animava apenas o fato da trilha ser quase plana e a parte da tarde reservar 20 quilômetros de descida.
Levei meu corpo até o topo e deixei ele escorregar ladeira abaixo. Foi descendo lentamente, parando sempre que dava. Uma da tarde parei num riacho, lavei os pés, molhei a camiseta, diz algo pra comer e segui.
Parei pouco depois das cinco, na beira de outro riacho. A partir daqui a trilha sobe, água só daqui a 15 quilômetros e lugar pra acampar só em seis. No ritmo que estou seria mais duas horas, levando dois litros de água a mais. Melhor não.
Já tive a visita de uma família de veados desde que cheguei e por isso dependurei minha mochila e minha comida. Amanhã são 44 quilômetros até a estrada para a cidade de Shasta, mas acho que não paro. A comida que tenho é a conta para chegar à Etna, a 200 quilômetros daqui. Quatro dias até lá. Acho que da.
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