A trilha da trilha: Neil Young – California Sunset
Parece que o tempo passa diferente na trilha. Não necessariamente mais rápido ou mais lento, mas de alguma forma as duas coisas simultaneamente: sem você perceber já é noite mas aconteceram tantas coisas durante o dia que você nem acredita.
Hoje, por exemplo. Acordei sozinho e meio desanimado pensando que ainda teria que andar 4 quilômetros até a fazenda de vento pra, talvez, encontrar os meninos. Mas abri a barraca e a montanha ao fundo estava tão bonita encoberta pelas nuvens que nem acreditei. E dois minutos depois um arco-íris ainda mais lindo apareceu no horizonte.
Subi a trilha até a portaria da usina, passei pelo portãozinho lateral exclusivo para os caminhantes da PCT, não vi as barracas deles e achei que já tivessem ido. Fui até o prédio principal para pegar água e lá estavam todos – e mais alguns – no refeitório da empresa tomando café da manhã.
Veja: a empresa sede seu refeitório e tudo o que tem lá para que os hikers possam usar. E lá tem tudo o que a gente quer: cadeiras, energia elétrica, Wi-Fi, comida e papel higiênico macio. Foi difícil sair dali: só deixamos o local às nove.
O dia prometia ser longo e cansativo, mas na prática foi excelente. A elevação que assustava no mapa se mostrou tranquila, o vento forte logo abrandou, a trilha ia ziguezagueante montanha acima. Austin e eu passamos batidos numa curva e saímos da trilha por meia hora (ele se perdeu mais umas duas vezes depois disso).
Quando chegamos à margem de um rio foi bom tirar os sapatos e lavar os pés e o rosto pra continuar subindo, e subindo e subindo.
Na parte final, quando a trilha encontra o Riacho Missão, o cenário é de destruição. Uma enchente levou tudo e onde tinha trilha hoje tem o leito de um rio. Impossível seguir um caminho. Austin, Tyler e eu íamos nos revezando tentando achar a rota certa.
Chegamos no camping que tínhamos combinado e cada um que chegava depois da gente tinha uma história de ter se perdido ou gastado mais tempo que o previsto no trecho. E ainda eram 5:15. Deu tempo de preparar o jantar, lavar de novo os pés no rio, jogar conversa fora com outros caminhantes e ver o pôr do sol. Um dia longo e intenso, mas que passou num piscar de olhos.
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