Distância do dia: 40,57 km. Distância total: 577,83 km. Outro dia tenso…
Ah, Instituto Estrada Real. Você ainda me mata…
Já disse que o guia da Estrada Real que o IER disponibiliza online é ruim né? Confuso, mal editado, mal resolvido. Além disso não se pode confiar nas informações. Exemplos? Quando cheguei em Congonhas esperava encontrar o posto de informações turísticas fechado. O guia dizia que fechava às cinco e já eram quase seis. Quando vi o local aberto falei com o atendente. “Ah, tem isso não. Eu saio às seis, mas tem gente aqui até mais tarde”. O mesmo havia acontecido em Eio Acima, onde literalmente corri (depois de ter andando o dia todo) pra tentar pegar a Secretaria de Cultura aberta às cinco, pra chegar lá às 4:55 e saber que só fecha às seis.
Em Congonhas carimbei o passaporte e aproveitei pra pegar dica de um pousada mais em conta que o caro hotel indicado pelo guia. “Tem a pousada do Luizinho. Só subir essa rua direto e perguntar na padaria”. Quando cheguei ele me mostrou os quartos. Fiquei no mais simples e desembolsei 35 reais. “E pra jantar, Luizinho? Tem alguma coisa por aqui?” “A padaria tem janta até as 7”. Ótimo. Tomei meu banho, desci me escorando as escadas da pousada, subi com esforço a rua e mais esforço ainda as escadas do restaurante anexo à padaria e pedi à minha janta, sem saber o que viria. Um pratão de arroz, feijão, abóbora, carne de panela, repolho cozido e angu foi devorado em tempo recorde (tenho que convidar o povo do Guinness da próxima vez). Voltei pro meu quarto de 2×2, sem banheiro, satisfeito.
Com o frio (tem feito tem torno de 10 graus pela manhã) foi fácil andar ligeiro. Pensei que fosse pegar uma estrada de terra, mas a Prefeitura de Congonhas resolveu pavimentar a Estrada Real até Alto Maranhão. Terra só depois de passar pelas ruínas da antiga cadeia. Até Pequeri o trecho foi tranquilo, e depois disso melhorou: em Pequeri a estrada termina em uma fazenda, que você precisa atravessar e pegar uma trilha ideal: com sombra, sem carros, de terra, com pouco desnível. Mesmo depois dela o trecho segue gostoso até São Brás do Suaçuí.
Aí que começou o tormento. Cheguei na cidade pouco depois das 11h. Lanchei, parei na praça da Matriz pra checar as bolhas e trocar o curativo da unha, fiz ali uma meia horinha e saí. Na planilha do IER a instrução é seguir em frente, virar à direita saindo da rodovia depois de 1,48 km e depois de mais 650 metros à esquerda, atravessando uma porteira. Mas ninguém atualizou a planilha depois das obras que fizeram um trevo na saída da cidade. Fiquei pelo menos 45 minutos procurando onde virar e nada de marco. Nem porteira. Nenhum caminho possível à esquerda ou direita. Com o sol de meio dia na moleira, fiz o que achava certo: venha a mim, são Google Maps. Que me mandou pegar a estrada. E eu fui. Quando o mato estava baixo, o que nunca acontecia, ia por ele mesmo. Mas na maior parte do tempo era tentando me fazer caber nos 20 centímetros de acostamento, colocando o bastão na pista pra tentar ter algum espaço entre eu e os carros que passavam a 150 km/h (incrível como quando você está a pé os carros parecem passar mais rápido). E numa dessas tchau óculos de sol. Foi e já era.
Depois de uma hora noite uma estrada de trem próximo. Resolvi ir por ela. E meia hora depois a ferrovia entrava em um túnel: eu não iria me arriscar. Voltei pra MG383.
Até que São Google, ciente da minha aflição, me jogou em uma estrada de terra. Agora vai, pensei. Rezei uma ave-maria, agradeci por ainda estar vivo, e fui. E da-lhe cerca, porteira, boi, vaca, mais cerca… O que pro Google era a rua José Geraldo de Oliveira, na prática é uma sequência de pastos. Que me deixaram em Entre Rios, é verdade. E longe da rodovia.
Na chegada ao Hospital Cassiano Campolina, ponto de chegada da Estrada Real na cidade, ainda tentei achar um marco oficial. Nada.
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