Torres del Paine S01E01

Laguna Amarga a Serón: 13 km

17:30. Ainda é dia e o sol vai demorar a se por. O dia escurece por volta das dez da noite. Apesar disso ela dorme profundamente. Não se importa com o grupo de garotas que conversa em espanhol na tenda ao lado. Não se importa com o barulho do pequeno gerador que alimenta a energia na casa que serve como recepção do camping. Mais que isso: não se importa com o vento que faz nossa barraca curvar completamente e faz com que o teto encoste no seu saco de dormir. Ela dorme profundamente, e deve continuar assim até a manhã.

O dia começou cedo. Acordamos às 5:30 e às 6:15 deixamos o ótimo Ameríndia Hostel (reservei pelo Booking.com e pagamos US$70 pelo quarto duplo, com banheiro compartilhado), em Puerto Natales, com destino à rodoviária. O café só seria servido às 6:30, mas havia combinado na noite anterior de deixaram preparado um kit pra viagem: um misto frio, alguns biscoitos, uma maçã verde, azeda e com a casca dura e sabor intenso. Foi isso o que prepararam: não o que eu pedi.

Caminhamos por meia até chegar ao terminal. Dali foram mais duas de ônibus (15000 pesos ida e volta) até a entrada do parque. O cenário é de tirar o fôlego, com lagos e as torres dominando a paisagem.

Na chegada à entrada principal, em Laguna Amarga, é preciso descer, preencher seu formulário de entrada, pagar a taxa (21000 pesos por pessoa), assistir a um vídeo do parque (não faça fogo ou você pode pegar 2 anos de cadeia e pagar 2 mil dólares de multa e se tiver incêndio são 5 anos e 6 mil dólares de multa, não alimente os animais, leave no trace e lembre-se: não faça fogo ou…) e só então pegar sua mochila e subir em outro o ônibus (mais 3000 pesos por pessoa), que vai te deixar no estacionamento. Dali começa a trilha.

A cotação atual do real para o peso chileno está em em 1 pra 190. Ou seja: a entrada do porque custa 110 reais, o ônibus de Puerto Natales ao parque ida e volta quase 80 e os 10 minutos da portaria ao estacionamento mais 15 golpes por pessoa. Sim, as coisas aqui na Patagônia são caras, e dentro do parque muito mais: 21 reais uma cerveja lager em lata, 100 um Casilero del Diablo, 120 um jantar. Por isso trouxemos nossa comida pros 11 dias de trilha. Isso significa que economizamos no bolso e ganhamos em peso. As mochilas estavam com 12 quilos a da Alê, quase 15 a minha.

“Estavam” porque faltando uns três quilômetros pra chegar ao acampamento a Ale arriou. Achei que não fosse querer continuar, mas ela é durona. Chorou de cansaço depois de 10 km entre Torres e Serón (e já tinha andado mais dois da pousada pra rodoviária). Coloquei na minha mochila a comida que estava na dela – uns 4 quilos – e chegamos ao acampamento no meio da tarde.

E agora, 17:30, ela já está dormindo profundamente, sem ligar pras rajadas de vento que quase levam ao chão a barraca.

3 Responses

  1. Alessandra Cecilia

    Que tudo! Caramba vc carregou 19kg?! Ai é campeão mesmo! Vale tudo por ter a companhia dos sonhos junto! Bom ter ajudado ela. O peso geralmente pega as pessoas que nao estao acostumadas! Mas ela é guerreira! Não tem nada facil mesmo com 8kg nas costas! Qual barraca vcs estavam Jeff? Parabens e fico anciosa por mais para ler sobre o lindo passeio de vcs! Gratidao

  2. Pedro Zorzenon

    Que legal ler seu relato S01E01 Jeff! Estou ansioso por ler os demais 🙂
    E também aguardando, é claro, um ótimo podcast no Extremos!
    Se der tudo certo, no final de 2018 estarei fazendo o circuito O também!
    Grande Abraço!

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