Então vamos ver: minha unha 5 ainda está no lugar, apesar de bamba. Bolhas se formaram ao redor da unha, onde a pele varia do tom branco-pus ao vermelho-inflamado. Normalmente não dói, mas se esbarro em algum lugar – na calça quando vou vestir, por exemplo – a dor é tremenda. Falando em bolhas, a maior, com uns 2,5 centímetros de diâmetro no pé direito, já arrebentou naturalmente e a nova pele é tão sensível quanto bumbum de bebê. O dedo 9 está com uma bolha nova na ponta que tem incomodado. E duas bolhas estão presentes em cada calcanhar, além de outra na lateral do pé, perto do fíbula. O tornozelo esquerdo está inchado, com manchas vermelhas, e ainda não sei se é reação alérgica ou inflamação. As duas panturrilhas já não doem tanto. Joelhos tem dores leves, que poderiam ser muito mais severas se não estivesse usando os bastões. Doem também as coxas. Tenho assaduras, irritações na virilha, um machucado na cintura, talvez pela fricção do porta-objetos que levo dinheiro, documentos e celular, as únicas coisas que não vão na mochila. Depois de três dias de caminhadas com a mochila pequena as dores nos ombros estão melhores. E minhas mãos doem de ficar mais de oito horas por dia segurando os bastões, e no tempo que tenho de descanso uso os dedos para atualizar no celular esse blog. A cabeça está ótima e descansada.
Fazer uma trilha de longa distância é extremamente desgastante fisicamente. Nestes primeiros onze dias foram percorridos uma média de quase 40 quilômetros por dia. Uma maratona todo dia, por 11 dias seguidos. Meu corpo está um bagaço.
Por isso eu precisava de um zero. Um zero é um dia onde você não anda. Não se aproxima nem um quilômetro do seu destino. Tinha programado três zeros nos 1100 km até Parati, o primeiro neste domingo, quando Alê iria me visitar em Santo Antônio do Leite. Mas estava cansado, fatigado, e até lá teria pelo menos mais um dia longo, de Rio Acima a Glaura, com quase 45 km. Resolvi adiantar.
Voltei ontem de Rio Acima, no ônibus das 4:30, e com o trânsito ali no entorno do BH Shopping do fim do dia não cheguei em casa antes das 7. E ao invés de retornar a Rio Acima hoje de manhã fiquei aqui. Dormi até às 9, tomei um farto café da manhã e logo depois um almoço. Cuidei dos ferimentos, fiquei de perna pra cima e descansei. Amanhã pego o ônibus cedinho de volta a Rio Acima. Caminho os 45 km até Glaura, onde Alê me encontra. Domingo cedo faço os fáceis 14km até Santo Antônio do Leite, onde fico mais uma noite com ela. É a partir de segunda, tudo volta ao normal: longas caminhadas, pousadas baratas, mais dores, mais bolhas. Entro de sola no Caminho Velho, que me leva até Parati. Se tudo correr como programado faço mais dois zeros e chego lá no inicinho do mês que vem. Quem me acompanha?
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