Appalachian Trail S01E65

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Dia 65, 18/06: Zero em Harpers Ferry

Eu já estava incomodado com a qualidade das fotos do Motorola que estou usando. Não que sejam ruins. Pra um celular que custou 30 dólares são até bem boas. Mas eu fotografo desde os 15 anos e tava sentindo falta de algo um tiquinho melhor. O peso, pra mim, é um fator importante. Por isso não trouxe minha DSLR. Bateria era outro ponto: não posso ter algo que eu precise carregar todo dia. E preço, claro, também conta. Não podia gastar os 1000 dólares de um Sony RX100, por exemplo.

Daí que semana passada, meio que do nada, comprei uma câmera. Já tava estudando qual e quando vi uma promoção da chinesa Yi M1 na BH Photo comprei mandei entregar aqui em Harpers Ferry. É uma quase full frame (¾) mirrorless que chupou o design da Leica descaradamente. Mas é mais plástico que ferro, o que a deixa bem leve. As fotos são boas, apesar do foco automático ser lento. E filma em 4k. Tem Wi-Fi e dá pra passar as fotos pro celular, que funciona também como controle remoto.

Hoje de bobeira aqui saí pra conhecer a cidade e testar a câmera. Harpers Ferry é uma Tiradentes, com um centrinho histórico e preços absurdos. Fica bem na ponta de West Virginia, no encontro dos rios Potomac e Shenandoah. É um lugar estratégico. Em 1859 o líder abolicionista John Brown liderou um ataque de 21 homens ao quartel local. O objetivo era roubar as armas e dá-las aos escravos. Foi capturado e enforcado. A batalha foi um dos estopins que levaram à Guerra Civil americana e os campos em volta da cidade foram cenário de pelo menos três grandes batalhas, a maior delas envolvendo pelo menos 30 mil soldados.

O centrinho parece cidade cenográfica, com gente vestido à caráter, lojas com letreiros imitando os originais, cenários muito bem organizados. Os preços são de matar: tomei um flight de uma cervejaria local – quatro tipos, 200 ml de cada cerveja muito mal tirada – e comi a pior porção de onion rings da minha vida e gastei quase 100 reais. O único albergue da cidade é 50% mais caro que todos os que fiquei. Por isso vim pra Knoxville, em Maryland, do outro lado do rio. Preços mais acessíveis, mas exige uma caminhada de pelo menos uma hora.

Amanhã preciso voltar a Harpers Ferry cedo, pra despachar umas coisas que não preciso mais. Enquanto isso passo o resto do dia aqui, com a canela pra cima, gelo e massagens. Afinal, o objetivo amanhã é chegar, finalmente, na metade do caminho.

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