Appalachian Trail S01E39

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Dia 39, 23/05: Fox Creek, VA603 (510.9) a Partnership Shelter (532.4)

Distância do dia: 21.5 milhas | 34,6 km

Distância total: 541.2 milhas | 870,97 km


Antes de chegar na Virgínia meu pensamento era sempre “calma, na Virgínia vai ser mais fácil”. A fama do estado é que ele é mais fácil, mais plano, monótono até. E é o estado com mais milhas na trilha. Por causa disso existe a expressão “Virgínia Blues”. Chega a dar um banzo o tempo que você fica no estado. Plano, fácil, monótono.


Até agora o estado não apresentou nada disso. Virgínia tem sido cheio de surpresas. Nada monótono, nada fácil e plano? Pode ser que as montanhas daqui não sejam tão altas ou difíceis quanto as dos três primeiros estados, mas está longe de ser plano.


O dia de hoje até poderia ser monótono, e foi boa parte do dia. Mas por causa da chuva, que ainda insiste em cair – vai ser assim toda a semana. O trecho vai sempre perto de estradas, o que facilita caso tenha alguma urgência. Não foi o caso, felizmente.


O trecho final, já chegando no Centro de Visitantes do Mount Rogers (ainda estou nos contornos da montanha) foi pura lama. A ponto de eu parar num riacho e dar uma lavada pra tirar o excesso de barro das calças.


Pela segunda vez desde o início resolvi passar a noite num Shelter. Por causa da chuva que não para de cair mas também porque é proibido acampar nas imediações do centro de visitantes. E é justamente ali que existe um telefone que você pode ligar e pedir uma pizza.


Confesso: passei o dia pensando nela. Não só eu: com todo mundo que falei a história se repetia. Ela não tem nada demais, mas o simples fato de poder ligar e pedir uma pizza é algo que te traz uma felicidade sem igual.


Pedi também uma Pepsi, e quando a menina me perguntou se era lata ou garrafa, pedi a garrafa. Uma pizza grande,doze fatias, 14 polegadas, e uma garrafa de Pepsi, de 2 litros. Não consegui acabar com tudo: dei dois pedaços da pizza pro Deutch, que eu tinha cruzado mais cedo e estava ali esperando a dele chegar e metade da Pepsi pro cara que não sei o nome e que eu tinha encontrado em Damascus. O tal que me falou que seu sou rápido. E que veio com um Trail name pra mim: Speedy Gonzalez. O Ligeirinho…


A coisa do Trail name tá começando a incomodar. As pessoas cobram que eu tenham um Trail name. Quando falo que não tenho querem saber por que, se estou evitando… Amanda queira me chamar de Kilometer, também porque acha que ando muito. O Boavista que tentei não colou: as pessoas não entendem. Fiquei pensando se não poderia ser BH, por causa de Beagá mas também​ de Brazilian Hiker. Mas Speedy Gonzalez, apesar do estereótipo do latino, eu gosto. Era meu personagem favorito na infância e sou realmente rápido em tudo que faço (exceto naquelas que preciso ser rápido, tipo pilotar kart, onde sou um desastre). Então acho que ganhei meu Trail name hoje…

2 Responses

  1. Júlio César dos Santos

    E aí Jefinho? Não pude deixar de rir por causa do “ligeirinho”! Abração viu! Estou matando a saudade ouvindo sua voz na entrevista pro Elias do Extremos. Muito bom ouvir suas risadas!

    • Jeff Santos

      Pensando em bobagens né meu irmão? Um amigo meu que disse que o nome é ótimo: tem que ter culhão pra ser latino na terra do Trump! Beijos pra você e as meninas!

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